24/05/2012

ESFIRRA DO HABIB'S, QUAL O PERIGO?

Este ano surgiu a notícia que as esfirras do habib's estavam contaminadas com algumas bactérias nocivas à saúde, mas.. você sabe o que estas bactérias podem causar??? Qual o risco em comer um alimento como este???


ABAIXO ESTÁ A NOTÍCIA RELATADA NO JORNAL: GAZETA DO POVO:

A Vigilância Sanitária de Porto Alegre (RS) suspendeu em 10/05/2012, preventivamente a venda de esfirras nas lojas da rede de comida árabe Habib’s na cidade. Os recheios usados nas esfirras, fabricado em Canoas (RS), estavam contaminados. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a medida cautelar ocorreu depois de investigação de um surto de intoxicação alimentar recebida de três consumidores em abril deste ano. Análises feitas no Laboratório Central do Estado (Lacen) apontaram a presença de três tipos de bactérias patogênicas nos recheios: Listeria monocytogenes, Escherichia coli e Bacillus cereus. Esses organiamos podem causar diarreia, vômitos e, em alguns casos, até aborto. Em nota, o Habib’s informou que o fato é “um caso isolado” e que os recheios das esfihas serão fornecidos pela central da loja em Curitiba até que o problema em Canoas seja resolvido.


Eu particularmente adoro as esfirras de lá, mas infelizmente este problema de contaminação não ocorreu somente no Habib's.. muitos locais famosos já tiveram problemas com contaminações, o que gera uma imagem negativa ao local e um grande receio da população em comer este alimento...

Mas será que estas bactérias são tão graves assim?

A Resposta é SIM, SÃO MUITO GRAVES.. e não é só pelo fato da diarréia ou vômitos , mas pelo potencial tóxico, visto que algumas toxinas, quando presentes nos alimentos, não são destruídas pelo calor do aquecimento e nem pela refrigeração.

Vou destacar aqui a Listeria monocytogenes, esta bactéria é muito perigosa para a saúde, pois causa uma doença chamada LISTERIOSE.

Listeriose é a denominação de um grupo geral de desordens causadas pela L. monocytogenes que incluem: septicemia, meningite (ou meningoencefalite), encefalite, infecção cervical ou intra-uterina em gestantes, as quais podem provocar aborto (no segundo ou terceiro trimestre) ou nascimento prematuro.

 Outros danos podem ocorrer como endocardite, lesões granulomatosas no fígado e outros órgãos, abscessos internos ou externos, e lesão cutânea papular ou pustular. 

Essas desordens comumente são precedidas por sintomas semelhantes ao da gripe com febre persistente. Sintomas gastrointestinais como náusea, vômitos e diarréia, podem preceder ou acompanhar as manifestações mais graves da doença.

A taxa de letalidade em recém-nascidos é de 30%; em adultos (sem gravidez) é de 35%; em torno de 11% para < 40 anos e 63% para > 60 anos.

Quando ocorre septicemia, a taxa de letalidade é de 50% e com meningite pode chegar a 70%.

DE ONDE VEM ESTA BACTÉRIA?

  O principal reservatório do organismo é o solo, lodo, forragem e água. Alguns estudos sugerem que 1-10% de humanos podem carregar no intestino a L. monocytogenes. Foi encontrada em pelo menos 37 espécies de mamíferos (domésticos e selvagens), 17 espécies de pássaros e em algumas espécies de peixes e frutos do mar.

É resistente aos efeitos do congelamento, secagem e calor, ainda que seja uma bactéria não formadora de esporos. Infecções em raposa produzem uma encefalite simulando a raiva.

Queijos em processo de maturação podem constituir meio para o crescimento de Listeria e são freqüentemente a causa de surtos. (O QUE PODE JUSTIFICAR A PRESENÇA NO RECHEIO DAS ESFIRRAS...)

QUANTO TEMPO DEPOIS DE COMER UM ALIMENTO CONTAMINADO COM LISTERIA, DEMORA PARA MANIFESTAR OS SINTOMAS?

Variável; casos de surtos apresentaram um período de 3-70 dias após uma simples exposição ao produto implicado. Período mediano de incubação é estimado em 3 semanas.

QUAIS SÃO OS ALIMENTOS MAIS SUCEPTÍVEIS?

Surtos registrados mostraram estar associados à ingestão de leite contaminado (pasteurizado de fontes não seguras ou cru), queijos, sorvetes, água, vegetais crus, patês de carnes, molhos de carne crua fermentada, aves crus ou cozidas, peixes (inclusive defumados) e frutos do mar.

 Os métodos para análise de alimentos são complexos e demorados. Exames usuais levam de 24 a 48 horas para o preparo do meio, com uma variedade de testes, exigindo para sua conclusão, de 5 a 7 dias. Técnicas avançadas em biologia molecular podem simplificar os testes e reduzir o tempo para a confirmação de suspeitos.

Uma importante parcela de casos esporádicos é devida à transmissão alimentar.

 Lesões em mãos e braços podem ocorrer por contato direto com material infeccioso.

 Em infecções neonatais, o microrganismo pode ser transmitido da mãe para o feto no útero ou no canal do parto ao nascimento

QUAL É O TRATAMENTO?

O tratamento com penicilina ou ampicilina, juntas ou isoladas, com aminoglicosídeos. Cefalosporinas não são efetivas. Recomenda-se para pacientes alérgicos às penicilinas o uso de Trimetoprim/Sulfametoxazol (TMP/SMX). Observou-se recentemente resistência às tetraciclinas.

QUAL É A PREVENÇÃO?

medidas preventivas – gestantes devem evitar contato com animais em fazendas onde tenham ocorrido óbitos de animais ou abortos; devem ingerir alimentos cozidos e preparados diariamente; só consumir carne e leite pasteurizado de fontes seguras e queijos irradiados; evitar ingerir vegetais crus e de plantações com procedimentos não seguros; lavar e desinfetar os vegetais crus; orientações para fazendeiros e veterinários quanto às precauções em relação aos abortos e mortes de animais.

medidas em epidemias – investigação de surto para identificação da fonte comum de infecção e prevenção de futuras exposições à fonte.

A PREVENÇÃO AINDA É A MELHOR FORMA DE EVITAR A DOENÇA...

Essa frase é famosa e não é à toa, quando a manipulação, temperatura e armazenamento do alimento é adequado, reduz a possibilidade de uma contaminação, e isto vale para qualquer local de manipulação até mesmo na nossa casa...


                                                              


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